quarta-feira, 27 de março de 2013

Loucura?

"Homens me chamaram de louco; mas a questão ainda não está definida, se a loucura é ou não é a sublime inteligência - se muito disso é glorioso - se tudo isso é profundo - não emerge da doença ou do pensamento - dos humores da mente exaltada às expensas do intelecto geral."

(Edgar Allan Poe. 1809-1849)

domingo, 24 de março de 2013

Cavalo Negro e Selvagem

"Só que ela não queria ir de mãos vazias. E assim como se lhe levasse uma flor, ela escreveu num papel algumas palavras que lhe dessem prazer: "Existe um ser que mora dentro de mim como se fosse casa dele, e é. Trata-se de um cavalo preto e lustroso que apesar de inteiramente selvagem - pois nunca morou antes em ninguém nem jamais lhe puseram rédeas nem sela - apesar de inteiramente selvagem tem por isso mesmo uma doçura primeira de quem não tem medo: come às vezes na minha mão. Seu focinho é úmido e fresco. Eu beijo o seu focinho. Quando eu morrer, o cavalo preto ficará sem casa e vai sofrer muito. A menos que ele escolha outra casa e que esta outra casa não tenho medo daquilo que é ao mesmo tempo selvagem e suave. Aviso que ele não tem nome: basta chamá-lo e se acerta com seu nome. Ou não se acerta, mas, uma vez chamado com doçura e autoridade, ele vai. Se ele fareja e sente que um corpo-casa é livre, ele trota sem ruídos e vai. Aviso também que não se deve temer o seu relinchar: a gente se engana e pensa que é a gente mesma que está relinchando de prazer ou de cólera, a gente se assusta com o excesso de doçura do que é isto pela primeira vez".

(Clarice Lispector, Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres, Rio de Janeiro, Rocco, 1998, pp.28-29.)

segunda-feira, 18 de março de 2013

À Estrela Vésper

Tu, anjo noturno de alva cabeleira,
Agora, enquanto o sol se inclina sobre a colina, inflama
Teu reluzente lume,coloca a radiante coroa
E sorri sobre o leito da noite!
Sorri sobre nossos encantos enquanto recolhes
As cortinas azuis do céu, esparge teu argênteo orvalho
Sore cada flor que cerra ao sono seus doces olhos,
Deixa que o vento do oeste adormeça sobre o lago
Fala em silêncio com teus luminosos olhos
Banha de prata o crepúsculo e de repente
Te retiras enquanto enfurece o lobo,
E o leão  escuro bosque espreita:
Os velos de nossos rebanhos recobriram-se
Com o teu sagrado orvalho;
Protege-os com os teus sutis sortilégios.

(William Blake. O Casamento do Céu e do Inferno e Outros Escritos. pg. 89)

sexta-feira, 15 de março de 2013

Psalm II

Bendita a primavera da vida, breve,
Cujo sopro tudo atravessa!
A forma desaparece
Enquanto o ser para a vida desperta.
Gerações se sucedem
No esforço de evoluir;
Espécie produz espécie,
Em tempos que não têm fim;
Mundos inteiros se erguem e declinam!
Mergulha nos encantos da vida, ó flor!
Na ourela da primavera;
Louvando a bondade do Eterno,
Aproveita tua curta existência.
Acrescenta a ela, criativa,
Também o teu óbolo;
Breve e hesitante,
Sopra o quanto agüentares,
A tua parcela de vida ao dia eterno!

(Bjørnstjerne Bjørnson)

quarta-feira, 13 de março de 2013

Citações: Precisamos falar sobre o Kevin

"Olhando em retrospecto, talvez eu ter dito que queria mais “história” fosse uma forma de aludir ao fato de eu querer mais alguém para amar. Nós nunca dissemos essas coisas um ao outro; éramos tímidos demais. E eu ficava nervosa só de pensar que algum dia você pudesse imaginar que não era suficiente para mim. Na verdade, agora que nos separamos, eu gostaria de ter superado minha própria timidez e de ter-lhe dito mais vezes que me apaixonar por você foi a coisa mais espantosa que já me aconteceu na vida. Não só o me apaixonar, essa parte banal e finita, mas o estar apaixonada. Nos dias que passávamos separados, em cada um deles, eu recriava na imaginação aquele seu peito largo quentinho, de montes rijos e arredondados pelos cem peitorais diários, o vale da clavícula onde eu aninhava o topo da cabeça nas gloriosas manhãs em que não tinha que pegar um avião. Às vezes, escutava você me chamando de algum canto — “E-e-VA!” — muitas vezes num tom irascível, grosseiro, exigente, mandando segui-lo porque eu era sua, como se eu fosse um cachorro, Franklin! Mas eu era sua, não me ressentia com aquilo e queria que você exigisse: “Eeeeeee-VÁ!” sempre com a ênfase na segunda sílaba, e, em certas noites, eu mal conseguia responder porque minha garganta se fechava com um nó que vinha subindo lá de dentro. Eu tinha de parar de fatiar as maçãs para a torta porque uma película se formara sobre meus olhos e a cozinha toda havia ficado desfocada e bamba — se eu continuasse fatiando, iria me cortar. Você sempre gritava comigo, quando eu me cortava, você ficava furioso e a irracionalidade daquela raiva era tanta que quase me seduzia a repetir a façanha." (pg 28, 29)

"Evitar relacionamentos por medo da perda é evitar a vida. "

"Só porque você se acostuma a fazer algo, não quer dizer que você gosta."

"Nada é interessante, se você não estiver interessado..."

"Há muito que desisti de defender a humanidade, já que, na maioria dos dias, não tenho força para defender nem a mim mesmo."

"É muito mais frequente um pedido de desculpas não trazer ninguém de volta."

"Talvez eu tivesse passado tanto tempo em sua órbita, que absorvi sua convicção feroz de que uma família feliz não pode ser um simples mito, ou, mesmo que seja, é melhor morrer tentando alcançar o objetivo, ainda que inatingível, do que afundar na resignação cética e passiva de que o inferno são os outros com quem nos relacionamos."

quarta-feira, 6 de março de 2013

Bittersweet - Apocalyptica

Eu estou desistindo do fantasma do amor.
Para as sombras lançadas e devoção
Ela é a única que eu adoro
Rainha da minha sufocação silenciosa...

Quebre este feitiço agridoce em mim
Perdido nos braços do destino
Agridoce

Eu não vou desistir
Eu estou possuído por ela
Eu estou carregando a cruz dela
Ela tornou-se minha maldição

Quebre este feitiço agridoce em mim
Perdido nos braços do destino
Agridoce

Eu quero você
Como eu quis você
E eu preciso de você
Como eu precisei de você

Quebre este feitiço agridoce em mim
Perdido nos braços do destino
Quebre este feitiço agridoce em mim
Perdido nos braços do destino
Agridoce

segunda-feira, 4 de março de 2013

O Corvo - Edgar Allan Poe

O “Corvo” é um famoso poema de Edgar Allan Poe publicado pela primeira vez em 1845, aqui na tradução feita por Fernando Pessoa. Os corvos são considerados uma das aves mais inteligentes obtendo inclusive altas pontuações em testes específicos de inteligência animal. A simbologia do corvo, ao contrário da águia, é tipicamente européia. Embora haja referências à ele na mitologia antiga dos índios norte americanos. Por sua cor negra é associado a idéia de princípio (noite materna, terra fecundante); por seu caráter aéreo, associado ao céu, ao poder criador, às forças espirituais; por seu vôo, como ave mensageira e por tudo isso, para os povos primitivos, imbuído de grande significação cósmica.