domingo, 28 de julho de 2013

Bela, ela Avança

Bela, ela avança, como a noite escura
sob um céu estrelado e transparente,
e o que há de mais sombrio e mais luzente
em seus olhos e aspecto se mistura,
àquele doce brilho suavizado
que ao dia rude os deuses têm negado.

Uma sombra, um reflexo a mais teria
turbado um pouco a indescritível graça
que em suas negras mechas se embaraça
e em seu rosto, adorável, se alumia,
onde, sereno, expressa o pensamento
o quanto é puro e terno esse aposento.

E sobre aquela face e fronte altiva,
tão eloquente, embora calma e amável,
a nuance acesa, o riso incomparável
falam-nos da bondade sempre viva,
da paz que há no seu ânimo insuspeito
e do inocente amor que há no seu peito.

(Lord Byron)

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Encontro Télico

Um encontro de dois:
Olhos nos olhos, face a face.
E quando estiveres perto, arrancar-te-ei os olhos
E colocá-los-ei no lugar dos meus;
Arrancarei meus olhos e para colocá-los no lugar dos teus,
Então ver-te-ei com teus olhos
E tu ver-me-ás com os meus.

Assim, como até a coisa comum serve o silêncio
E nosso encontro permanece a meta sem cadeias:
O lugar indeterminado, num momento indeterminado,
A palavra indeterminada ao Homem indeterminado.

(Jacob Levy Moreno, 1997)

sábado, 13 de julho de 2013

A Divina Imagem

Desejo um Feliz Dia do Rock à todos. E para celebrar deixo dois poemas de William Blake em homenagem a estes músicos inspiradores, porque para mim, tenho vários cantores favoritos, e principalmente a Jim Morrison, que gostava especialmente deste escritor.  

"... Pois a Compaixão tem um coração humano,
a Piedade, um rosto humano,
E o Amor, a divina forma humana
E a Paz, a roupagem humana.
- William Blake, Cantos de Inocência

A Crueldade tem um Coração Humano,
e o Ciúme, um Rosto Humano,
o Medo, a Divina Forma Humana,
e a Intimidade, a Roupagem Humana.

A Roupagem Humana é Ferro forjado,
A Forma Humana, uma Forja ardente,
O Rosto Humano, uma Fornalha fechada,
O Coração Humano, sua Garganta esfomeada".
- William Blake, Cantos da Experiência

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Ligéia - Edgar Allan Poe

E ali dentro está a vontade que não morre. Quem conhece os mistérios da vontade, bem como vigor? Porque Deus é apenas uma grande vontade, penetrando todas as coisas pela qualidade de sua aplicação. O homem não se submete aos anjos nem se rende inteiramente à morte, a não ser pela fraqueza de sua débil vontade". (Joseph Glanvill)

Juro pela minha alma que não posso lembrar-me quando, ou mesmo precisamente onde, travei, pela primeira vez, conhecimento com Lady Ligéia. Longos anos se passaram desde então e minha memória se enfraqueceu pelo muito sofrer. Ou, talvez, não posso agora reevocar aqueles pontos, porque, na verdade, o caráter de minha bem-amada, seu raro saber, sua estranha mas plácida qualidade de beleza e a emocionante e subjugante eloquência de sua linguagem musical haviam aberto caminho dentro do meu coração, a passos tão constantes e tão furtivos que passaram despercebidos e ignorados. Entretanto, acredito que a encontrei, pela primeira vez, e depois frequentemente, em alguma grande e decadente cidade velha das margens do Reno. Quanto à família... certamente ouvia-a falar a seu respeito. Que fosse de origem muito remota é coisa que não se pode pôr em dúvida. Ligéia! Ligéia! 

sábado, 6 de julho de 2013

Wolf Song - Omnia

Tropeçando pela floresta invernal,
Seus pés congelando até os ossos,
A escuridão não contém nenhuma consolação.
Tão, tão distante de casa...
Uma capa carmim detrás arrasta,
Rasgada por espinhos tornando-se farrapos.

Pobre donzela por sua tolice,
Aventurar-se por estas matas sozinha
Misericórdia não habita o azevinho
Compaixão nas pedras não encontrará,
Seu temor trás lágrimas como chuva veranil.
(Oh mãe, pai, onde estou?)
Rogam-me para aliviar seu sofrimento
(Estou à deriva o que devo fazer?)

Minha amada vos solicito. 
Despida-se desta capa e alimenta-me,
Rios carmim de suas veias,
Rios carmim não sentem dor.
Teus longos cabelos ruivos prendem-me,
Teu sangue vermelho e quente chama-me
Minha destra vermelha irá levar-te para casa,

A menina pelo lobo infernal foi cortada

Teus olhos revelam confusão
Sou eu amigo ou inimigo?
Perdoe-me por esta intromissão,
E eu lhe mostrarei o que quero dizer
Vim reivindicar um coração de ti
(Meu coração está partido, não podes ver?)
Teu último beijo, pertence à mim
(Teu beijo escarlate irá libertar-me...)

Minha amada, rogo-lhe
(Vagando solitária)
Despida-se desta capa e alimenta-me
(Longe de casa...)
Rios carmim de suas veias
(Floresta da danação)
Rios carmim não sentem dor...
(Afogando-se na terra)
Teus longos cabelos ruivos prendem-me,
(Afundando como uma pedra)
Teu sangue vermelho e quente chama-me...
(Perdida e tão sozinha)
Minha destra vermelha irá levar-te para casa
(Não consigo achar meu caminho de volta?)

A menina pelo lobo infernal foi cortada

Brincando de filha obediente,
Trouxe-te onde o acônito floresce
Sacrificada em sagrado massacre
Sob a pálida luz da lua.
Sua forma encontra-se envolta de vermelho rubi
(A neve cristalina meu leito de casamento)
Uma auréola escarlate em torno de sua cabeça.
(A auréola escarlate da morte)

Minha amada, rogo-lhe
(Vagando solitária)
Deixe teus rios fluírem para alimentar-me.
(Longe de casa...)
Rios carmim de suas veias,
(Floresta da danação)
Rios carmim não sentem dor...
(Afogando-se na terra)
Teus longos cabelos ruivos prendem-me,
(Afundando como uma pedra)
Teu sangue vermelho e quente chama-me...
(Perdida e tão sozinha)
Minha destra vermelha irá levar-te para casa
(Não consigo achar meu caminho de volta?)

Minha amada, rogo-lhe
(Vagando solitária)
Deixe teus rios fluírem para alimentar-me.
(Longe de casa...)
Rios carmim de suas veias,
(Floresta da danação)
Rios carmim não sentem dor...
(Afogando-se na terra)
Teus longos cabelos ruivos prendem-me,
(Afundando como uma pedra)
Teu sangue vermelho e quente chama-me...
(Perdida e tão sozinha)

Minha destra vermelha irá levar-te para casa,
(A destra vermelha irá levar-me...)
Minha destra vermelha irá levar-te para casa,
(A destra vermelha irá levar-me...)
Minha destra vermelha irá levar-te para casa,
(A destra vermelha irá levar-me...)
Minha destra vermelha trouxe-te para casa...
(Casa?)