domingo, 10 de julho de 2016

A Rosa do Mundo

"Quem sonhou que a beleza passa como um sonho?
Por estes lábios vermelhos, com todo o seu magoado orgulho,
Tão magoados que nem o prodígio os pode alcançar,
Tróia desvaneceu-se em alta chama fúnebre,
E morreram os filhos de Usna.

Nós passamos e passa o trabalho do mundo:
Entre humanas almas que se agitam e quebram
Como as pálidas águas e seu fluxo invernal,
Sob as estrelas que passam, sob a espuma do céu,
Vive este solitário rosto.

Inclinai-vos, arcanjos, em vossa incerta morada:
Antes de vós, ou de qualquer palpitante coração,
Fatigado e gentil alguém esperava junto ao seu trono;
Ele fez do mundo um caminho de erva
Para os seus errantes pés".

(William Butler Yeats)

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Os Ossos da Dor

"Dourados são os ossos da dor.
Seu brilho não tem para onde ir.
Ele submerge,
Perfura a neve.

As lágrimas dos pais que bebemos
O leite materno e o corpo putrefato afinal
Podemos sonhar mas não pensar.
Dourados ossos enfeitam as bordas.

Prata cobre seda dourada.
A dor é água ferida por leite.
Ataque cardíaco, assassino, câncer.
Quem iria imaginar que esses ossos fossem tão bons dançarinos.

Dourados são os ossos da dor.
Esqueleto sustenta esqueleto.
Palavras de fantasmas não são para entender.
Ignorância é o que há para aprender".


(Stan Rice, Some Lamb, 1975
In: O Servo dos Ossos. Anne Rice)