segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Balada do Cárcere de Reading

(...)

Eu soube, então, a idéia lacerante
que o atormenta, e o faz correr
e o faz olhar, tristonho, o céu radiante,
radiante, e alheio ao seu sofrer:
ele matou aquela que adorava,
- por causa disso vai morrer.

No entanto (ouvi!) cada um mata o que adora:
o seu amor, o seu ideal.
Alguns com uma palavra de lisonja,
outros com um frio olhar brutal.
O covarde assassina dando um beijo, 
O bravo mata com um punhal.

Uns matam o Amor velhos; outros, jovens; 
(quando o amor finda, ou quando o amor começa);
matam-no alguns com a mão do Ouro,
e alguns com a mão da Carne, - a mão possessa!
E os mais bondosos, esses apunhalam,
- que a morte, assim, vem mais depressa. 

Uns vendem, outros compram; uns amam pouco, 
noutros, o Amor dura de mais;
uns enterram-no aos ais, vertendo pranto, 
outros sem prantos e sem ais: 
todo homem mata o Amor; porém nem sempre,
nem sempre as sortes são iguais. 

(...)

(Oscar Wilde)

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