Inferno de Dante, em "A Divina Comédia": Narrativa da Descida ao Inferno
Dante descreve o Inferno como um abismo circular, um cone que se estreita de cima para baixo até o centro da Terra. O lado interno é marcado por saliências circulares, os Círculos da Danação. Ao aprofundar-se nesse "reino da noite eterna", Dante e Virgílio vão encontrando, em cada Círculo, as almas condenadas daqueles que cometeram pecados cada vez mais cruéis — e cada grupo de pecadores é atormentado, por toda a Eternidade, com um castigo ironicamente relacionado com seu pecado.
(Mapa do Inferno. Ilustração de Sandro Botticelli)
Dante descreve o Inferno como um abismo circular, um cone que se estreita de cima para baixo até o centro da Terra. O lado interno é marcado por saliências circulares, os Círculos da Danação. Ao aprofundar-se nesse "reino da noite eterna", Dante e Virgílio vão encontrando, em cada Círculo, as almas condenadas daqueles que cometeram pecados cada vez mais cruéis — e cada grupo de pecadores é atormentado, por toda a Eternidade, com um castigo ironicamente relacionado com seu pecado.
- Os Pecadores Carnais, os Sensuais, que em vida traíram a razão submetendo-se a todos os apetites e abandonando-se à fúria selvagem de suas paixões, são punidos na mesma moeda: forçados a permanecer num Círculo privado de luz e varrido por toda a Eternidade por uma infernal tormenta de furor intenso.
- Os Gulosos, que se espojaram em comidas e bebidas e nada mais produziram senão saliva e dejetos, no Inferno se espojam num "lamaçal pútrido" enquanto são lacerados e retalhados por Cérbero, o cruel cão de três cabeças que guarda os portais dos abismos; esses pecadores são, agora, lambuzados pela fétida saliva do cão infernal.
- Os Avarentos e os Pródigos foram divididos em dois grupos rivais, cada qual atirando sobre o outro os Valores Ilusórios da Vida Terrena e entrechocando-se no centro; um excesso castigando o outro. Nas águas imundas do Pantanal do Estige.
- Os Coléricos se dilaceram uns aos outros. Arrebentando-se à tona do lodo, bolhas emergem das tumbas submersas onde estão confinados os Raivosos.
- Os Hereges, que em vida negaram a imortalidade, aqueles que professaram a doutrina da morte da alma junto com a do corpo, permanecem para todo o sempre em sepulcros abertos por onde serpenteiam as chamas da Ira Divina. No Rio de Sangue Fervente estão os Assassinos e os Tiranos, aqueles que em vida se espojaram no sangue alheio, e cometeram atos de violência contra seus semelhantes.
- Os Aproveitadores e Sedutores, que usaram os outros para seus propósitos, agora são impelidos pelos chicotes de demônios chifrudos que os forçam a seguir em frente, em ritmo acelerado, perpetuamente, para servir aos infames propósitos infernais.
- Os Aduladores pagam por ter acumulado falsas lisonjas sobre os outros, sendo obrigados a viver para todo o sempre em "um rio de excrementos, em cloaca tamanha que do mundo parecia aúnica latrina... [para sempre] cobertos de imundícies".
- Os Hipócritas marcham numa procissão lenta e interminável. Como justiça poética, eles estão cobertos com mantos de chumbo, dourados por fora e imensamente pesados por dentro.
- Os Falsários e Moedeiros Falsos, que em vida enganaram os sentidos de seus semelhantes, agora, como adequada punição, têm seus próprios sentidos feridos pela escuridão e pelas mundícies, por terríveis sons e cheiros pestíferos. E aqueles que atraiçoaram as pessoas a quem estavam ligados por laços especiais estão no último abismo da culpa, o abismo das almas que negaram o amor e, portanto, negaram Deus.
Bem no centro da Terra, eles são obrigados a suportar o infernal lago de gelo da perda do calor humano.E no próprio centro desse lago está Satã/Lúcifer, o Rei do Inferno. O bater de suas poderosas asas produz o Vento da Depravação, o hálito gélido do mal. Só depois de alcançar o próprio centro do Mal, só depois de enfrentar cada pecado e ver suas consequências, é que Dante pode ter esperança de purificar sua alma. Só quando enfrenta a vida como ela é, pode Dante encontrar a salvação.”
Essa concepção do Inferno que consta na Divina Comédia é deveras intrigante!
ResponderExcluirUm abraço