domingo, 15 de setembro de 2013

Soneto 53

De que substância foste modelado,
Se com mil vultos o teu vulto medes?
Tantas sombras difundes, enfeixado
Num ser que as prende, e a todas sobre excedes;

Adônis mesmo segue o teu modelo
Em vã, esmaecida imitação;
A face helênica onde pousa o belo
Ganhou em ti maior coloração;

A primavera é cópia desta forma,
A plenitude és tu, em que consiste
O ver que toda graça se transforma

No teu reflexo em tudo quanto existe:
Qualquer beleza externa te revela
Que a alma fiel em ti acha mais bela.

(William Shakespeare)

Um comentário:

  1. Eu não conhecia este soneto. Nossa, é sublime! Shakespeare é um dos autores que mais gosto.
    E muito obrigado pelo gentil comentário! Sempre acompanho o seu blog (que é realmente encantador), apesar de nem sempre comentar.
    Abraços...

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