Tigre! Tigre, ardendo grave
Pelas florestas do entrave,
Que mão ou olho imortal
Modulou-te simetria tal?
Em abismos ou céus quais
Forjou teus olhos fatais?
A qual asa ousou imitar?
Que mão pôde o fogo apanhar?
Diga-me, qual braço, e qual arte,
O cárdio-tendão veio trançar-te?
Quando ele começou a bater,
Que terrível mão, e que ser?
Que martelo? Qual corrente?
Que fornalha forjou-te a mente?
Que bigorna e que tenaz
Tuas unhas tornou capaz?
Quando as estrelas com suas lanças
Cobriram de lágrimas as crianças,
Sorriu ao ver o seu trabalho?
Quem fez o Cordeiro, deu-te talho?
Tigre! Tigre, ardendo grave
Pelas florestas do entrave,
Que mão ou olho imortal
Ousou dar-te simetria tal?
(William Blake)
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