sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Annabel Lee

Foi há muitos, muitos anos, existia
num reino à beira-mar
uma virgem, que bem se poderia
Annabel Lee se chamar. 


Amava-me, e seu sonho consistia

em ter-me para a amar.
Eu era criança, ela era uma criança
num reino à beira-mar;


mas nosso amor chegava ó Annabel Lee

o amor a ultrapassar,
o amor que os próprios serafins celestes
vieram a invejar. 


Foi por isso que há muitos, muitos anos,

no reino à beira-mar,
de uma nuvem soprou um vento e veio 
Annabel Lee gelar.


E seus nobres parentes se apressaram

em de mim afastar,
para encerrá-la numa sepultura,
no reino à beira-mar.


Os anjos, que não eram tão felizes,

nos vieram a invejar.
Sim! Foi por isso (como todos sabem
num reino à beira-mar)


que um vento veio, à noite, de uma nuvem

Annabel Lee matar.
Mas o nosso amor, o amor dos mais idosos,
de mais firme pesar, podia ultrapassar.


E nem os anjos que vieram nas alturas,

nem demônios do mar,
jamais minha alma da de Annabel Lee
poderão separar.


Pois, quando surge a lua, há um sonho que flutua,

de Annabel Lee, no luar; 
e quando, se ergue a estrela, o seu fulgor revela
de Annabel Lee o olhar;


assim, a noite inteira, eu passo junto a ela,

a minha vida, aquela que amo, a companheira,
na tumba à beira-mar,
junto do clamor do mar. 


(Edgar Allan Poe) 

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