quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Vampiro

Tu que, como uma punhalada
Invadiste meu coração triste,
Tu que, forte como manada
De demônios, louca surgiste,

Para no espírito humilhado
Encontrar o leito ao ascendente,
- Infame a que estou atado
Tal como forçado à corrente,

Como a seu jogo o jogador,
Como à garrafa o beberrão,
Como aos vermes a podridão
- Malditas sejas, como for!

Implorei ao punhal veloz
Dar-me a liberdade um dia, 
Disse após ao veneno atroz
Que me amparasse a covardia.

Mas não! O veneno e o punhal
Disse-me de ar zombeiro:
" Ninguém te livrará afinal
De teu maldito cativeiro

Ah! Imbecil de teu retiro
Se te livrássemos um dia,
Teu beijo ressuscitaria
O cadáver de teu vampiro!

(Charles Baudelaire)

Nenhum comentário:

Postar um comentário