sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Filologia ~

Filologia: A arte de amar as palavras de uma língua. 

"Filologia é aquela venerável arte que demanda de seus devotos uma coisa acima de tudo - para ir além, sem ter pressa, de permanecer imóvel, de tornar-se vagaroso - é a arte do ourives de apreciar as palavras, o que nada mais é senão a delicadeza, a cautela; um trabalho a fazer que nada alcança se não for realizado com calma. Precisamente por esta razão é tão necessária hoje, imprescindivelmente por isso que nos seduz e encanta, no meão da era do trabalho, que é repleta de uma correria indecente e de uma precipitação ressuda, que tudo quer feito de imediato, incluindo todo velho ou novo livro; esta arte nada concluí com facilidade. Ela ministra a ler bem, que dizer, ler morosamente, profundo, observando ponderadamente antes e depois, com reservas, com as portas abertas, com dedos e olhos sutis". 

(Friedrich Nietzsche. Hollingdale. Tradução: Katherine Talbot)

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Orfeo

Foste tudo para mim, meu amor,
Foste o anelo de minh'alma -
Uma ilha verde no mar, meu amor,
Uma fonte e um santuário,
Tudo ele agrinaldado de belos frutos e flores,
E todas as flores eram minhas.

Ah sonho por demais auspicioso para durar!
Ah, estrelada Esperança! que surgiu
Apenas para se toldar!
Uma voz do Futuro roga,
Adiante! adiante! - mas no Passado
(Negro abismo!) paira meu espírito,
Mudo, inerte, consternado!

Pois hélas! hélas! para mim,
A luz da vida se apagou.
Não mais - não mais - não mais'
(Eis o que diz o oceano solene
Para as areias da praia)
Mederará a árvore destruída pelo raio,
Nem planará a combalida águia!

Agora todos os meus dias são transes,
E todos os meus sonhos à noite
Residem onde pousam teus olhos cinzentos,
E onde cintilam teus passos -
Em que etéreas danças,
Por que riachos italianos.

Ai daquele momento maldito
Em que te carregaram sobre a onda,
Do Amor para uma velhice de sangue azul e pecado,
E para um travesseiro impuro -
De mim, e de nossos eternos climas,
Para onde chora o prateado salgueiro.

(Poliziano)

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Lenda: Apanhador de Sonhos

Os videntes nativo–americanos ensinam que a Grande Aranha, teceu a Teia do Universo para relacionar todas as coisas. (Enquanto teço este texto, reflito que o mundo todo está ligado por uma "WEB" = teia em inglês). Para eles, a Aranha ao mesmo tempo é Avó e Criadora que cria novas energias dentro da existência. Ela tem a "Medicina da Criação".

Conta uma velha lenda dos nativos norte-americanos, que um velho índio ao fazer uma Busca da Visão no topo de uma montanha, lhe apareceu IKTOMI, a aranha, e comunicou-se em linguagem sagrada. A Aranha pegou um aro de cipó e começou a tecer uma teia com cabelo de cavalo e as oferendas recebidas.

Enquanto tecia, o espírito da Aranha falou sobre os ciclos da vida, do nascimento à morte e das boas e más forças que atuam sobre nós em cada uma dessas fases. Ela dizia :
"Se você trabalhar com forças boas, será guiado na direção certa e entrará em harmonia com a natureza. Do contrário, irá para direção que causará dor e infortúnios".

No final a Aranha devolveu ao velho índio o aro de cipó com uma teia no centro dizendo-lhe:

"No centro está a teia que representa o ciclo da vida. Use-a para ajudar seu povo a alcançar seus objetivos, fazendo bom uso de suas idéias, sonhos e visões. Eles vem de um lugar chamado Espírito do Mundo que se ocupa do ar da noite com sonhos bons e ruins. A teia quando pendurada se move livremente e consegue pegar sonhos, quando eles ainda estão no ar. Os bons sonhos sabem o caminho e deslizam suavemente pelas penas até alcançar quem está dormindo. Já os ruins ficam presos no círculo até o nascer do sol, e desaparecem com a primeira luz do novo dia."

Esse círculo é conhecido como "dreamcatcher" (apanhador de sonhos). Também chamado de Filtro dos Sonhos ou Coletor de Sonhos. Trata-se de um instrumento de poder para assegurar bons sonhos para aqueles que dormem debaixo dele, e também para trazer visões. Geralmente são colocados onde a luz bate pela manhã, em frente a janela. Os nativos nos ensinam que os sonhos passam pelo furo no centro e os maus sonhos ficam presos na teia, que dissipam à luz do amanhecer.

Pode ser colocado no quarto, escritório, ou até no berço ou carrinho do bebê. Os nativos ensinam que os bebês ao verem a pena balançar com o vento, se entretêm e aprendem a importância do ar. Ele é feito na forma de um círculo, tradicionalmente com galhos de Salgueiro. É feita uma rede na forma de uma teia de aranha com uma abertura ao centro. Tem muitas lendas de origem, de acordo com cada tribo e também diferentes formas de tecer.

É uma mandala. Segundo Jung, a mandala se encontra na própria alma humana, aparecendo nos sonhos e em diversas imagens criadas pelo nosso inconsciente. O Circulo. Representa, o Círculo da Vida. As rodas, ou círculos, representam a totalidade. O círculo é o símbolo do Sol, do Céu e da Eternidade. No simbolismo ancestral o círculo é o símbolo do espaço infinito, sem começo e sem fim.Qualquer que seja a representação simbólica em qualquer era e em qualquer cultura, um Círculo de Poder, serve como um espelho, onde podemos ver o reflexo do Universo e o Grande Tudo, que contém a totalidade, trabalhando para o entendimento dos mistérios da vida, do cosmos, e das leis naturais.

Os fios da teia, que são ligados ao círculo, podem ser tecidos em 7 pontos (7 profecias) 8 pontos (8 pernas da aranha = oito direções sagradas ), 13 pontos (13 Luas), variando de acordo com cada tradição e intenção.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Hino à Beleza

Virás do céu profundo ou surges do abismo,
Beleza? O teu olhar, infernal e divino,
Gera confusamente o crime e o heroísmo,
E podemos, por isso, comparar-te ao vinho.

Conténs no teu olhar o poente e a aurora;
Expandes os teus odores qual noite de trovoada;
Teus beijos são um filtro e uma ânfora, a boca
Tornando o herói covarde e a criança arrojada.

Vens da treva mais negra ou descerás dos astros?
Encantado, o Destino é um cão que te segue;
Semeias ao acaso alegrias, desastres,
E por dominares tudo é que nada te interessa.

Caminhas sobre os mortos, que são o teu gozo;
Das tuas jóias, o Horror é das que mais fascina,
E entre tais enfeites, o próprio Assassínio,
Vai dançando feliz no teu ventre orgulhoso.

O inseto, deslumbrado, procura-te a chama,
Arde crepita e diz: Benzamos esta Luz!
O apaixonado trêmulo, aos pés da sua dama,
Parece um moribundo a afagar o sepulcro.

Mas que venhas do céu ou do inferno, que importa,
Beleza! Monstro ingênuo, assustador, excessivo!
Se o teu olhar, teus pés, teu riso, abrem a porta
De um Infinito que amo e nunca conheci?

De Satanás ou de Deus, que importa? Anjo ou Sereia,
Se tu tornas – ó fada de olhos de veludo,
Ritmo, perfume, luz, ó rainha perfeita! –
Mais leve cada instante e menos feio o mundo?

(Charles Baudelaire)

sábado, 7 de dezembro de 2013

Os Seis Cisnes - Os Irmãos Grimm

Ilustração de Elenore Abbott
Estando um rei a caçar numa grande floresta, saiu em perseguição de uma peça com tal fervor, que nenhum dos seus companheiros conseguiu segui-lo.

Ao anoitecer, parou o seu cavalo e, olhando em redor, apercebeu-se de que se tinha perdido e, embora tratando de procurar uma saída, não conseguiu encontrar nenhuma. Viu então uma velha, que se aproximava. Era uma bruxa.


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

In a Darkened Room - Skid Row

Em um quarto escuro,
Além do alcance da fé divina, 
repousa as feridas despedaçadas, remanescentes de um amor traído.

A inocência de uma criança que é comprada e vendida, 
em nome dos condenados.
A ira dos anjos deixada no silêncio e no frio. 

Perdoe-me, por favor, pois não sei o que faço...
Como posso sentir mágoa de algo que sei ser verdadeiro?

Diga-me quando o beijo do amor vira uma mentira
Carregando nas profundezas a cicatriz do pecado
Escondendo atrás deste medo de correr até você.
Por favor, que haja luz...
Em um quarto escuro.

Todos os preciosos momentos colocados de lado. 
E o sorriso da madrugada
traz a macha da luxúria cantando meu réquiem.

Como posso encarar o dia enquanto sou torturado por minhas crenças.
Vendo isto cristalizando,
enquanto minha salvação vira pó...

Por que não posso guiar este navio antes que chegue a tempestade? 
Estou mergulhando no mar e ainda nado em busca da costa

Diga-me quando o beijo do amor vira uma mentira
Carregando nas profundezas a cicatriz do pecado
Escondendo atrás deste medo de correr até você.
Por favor, que haja luz...
Em um quarto escuro.

Porque esta música é um clássico... Espero que minha tradução esteja boa... 

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Tão delicada...

Tão delicada, és semelhante
À alva flor da cerejeira.
E como um anjo entre os mortais
Surges da minha vida à beira.

Nem bem tu tocas o tapete,
A seda soa ao teu pisar
E da cabeça até os pés
Pairas num sonho, a flutuar.

Das dobras longas do vestido,
Como do mármore, ressais,
Presa a minh’alma aos olhos teus
Cheios de lágrimas e ais.

Ó sonho meu feliz de amor,
Noiva suave, de outras lendas,
Não me sorrias! Se sorrires
Tua doçura me desvendas.

Podes, no encanto da tua noite,
Deixar-me os olhos sempre baços
E com o murmúrio de tua boca
No frio enredo dos teus braços.


Súbito, passa um pensamento
No véu do teu ardente olhar:
É a renúncia penumbrosa,
Sombra de doce suspirar.

Te vais e eu bem compreendi
Não mais deter o passo teu;
Perdida, sempre, para mim,
Noiva imortal no peito meu!

Pois ter-te visto é culpa minha,
Da qual jamais terei perdão;
Expiarei sonho de luz
A mão direita erguendo, em vão.

Ressurgirás como uma aura
Da eterna virgem, de Maria,
Em tua fronte uma coroa...
Aonde tu vais? Voltas um dia?

(Mihail Eminescu)

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

The Giaour

Primeiro, vampiro na terra
Da cova seu cadáver retirará:
Perseguindo terrivelmente teu berço,
Sugando o sangue de toda a tua raça;
E sua filha, irmã, mulher,
Á meia noite drenará a fonte da vida;
Embora repugnando o banquete que
Necessariamente seu cadáver vivo
Tuas vítimas são as que ainda vão expirar
E conhecer o demônio como mestre,
Rogando praga sobre ti e ti a eles,
Tuas flores estão murchas já na haste.
(Lord Byron. 1813)

Dedico o poema à Renan Tempest que compartilha comigo a adoração à Lord Byron. Nesta história seu personagem principal é amaldiçoado por um mulçumano, tranformando-o em um vampiro. Já que em um dos meus posts dediquei uma música a Vane. Espero que goste... 

sábado, 2 de novembro de 2013

And Love Said No - H.I.M.

His Infernal Majesty ou simplesmente H.I.M. foi criada em 1991, a banda finlandesa é formada por Ville Vallo (vocal), Mige (baixo), Linde (guitarra), Burton (teclados) e Gas (bateria), sendo que Ville, Mige e Linde estão na banda desde o início, enquanto Burton e Gas substituíram antigos integrantes.

A banda nasce com uma proposta inovadora de unir sentimento a guitarras pesadas, fazendo um som único que pode ser, genericamente, chamado de Love Metal, mas que não pode ser precisamente definido. A voz penetrante, sedutora e inconfundível de Vallo consegue transmitir uma melancolia única às melodias que toca. Possuem influências tais como: The Cure, Depeche Mode, Black Sabbath, Type O Negative, Elvis Presley, Neil Young e o A-ha.

E a melancólica luz do amor,
Guiou-me à você. 
Através de todo esse vazio que tornou-se meu lar, 
O amor mente, cruel...
Apresentou-me à você,
e naquele momento, eu soube que estava sem esperanças

Mate-me...
eu implorei, mas o amor disse não. 
Deixe-me...
para a morte e deixe-me ir.
Mate-me...
eu chorei, mas o amor disse não. 

O amor é uma tumba gelada, 
cavada e aberta para você. 
Jaz em um cemitério que carrega meu nome. 
O amor é uma violenta melodia
de mim para você.
Dilacera seu coração deixa-o sangrando
com um sorriso em seu rosto. 

Mate-me...
eu implorei, mas o amor disse não. 
Deixe-me...
para a morte e deixe-me ir.
Mate-me...
eu chorei, mas o amor disse não. 

A melancólica luz do amor arrancou-me de você.
E naquele momento eu soube que estava sem esperanças... De novo. 

Mate-me...
eu implorei, mas o amor disse não. 
Deixe-me...
para a morte e deixe-me ir.
Mate-me...
eu chorei, mas o amor disse não. 

E o amor disse não...
E o amor disse não...

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O Mito de Medusa

Já que hoje é meu favorito dia do ano porque é Halloween, trouxe uma das minhas favoritas histórias da Mitologia Grega: O Mito de Medusa, existe algumas pequenas variações de sua lenda em alguns livros, mas a que tenho dita o seguinte:

Segundo o grego antigo seu nome significa: guardiã, que reina com poder funesto. Era filha de duas divindades marítimas, Fórcis e Ceto (divindades marítimas), sendo irmã de Esteno e Euríale, consideradas as três Górgonas. Diz a lenda que Medusa era a mais bela dentre todas, comparada com a aparência de Atena deusa da Sabedoria. Poseidon apaixona-se por ela e durante muito tempo a corteja em vão, mas em uma de suas últimas tentativas ele a possui dentro do Templo de Atena, assim derramando a ira da deusa sobre Medusa e suas irmãs. Como punição sua beleza é deformada transformando sua cabeleira brilhante em serpentes, seus dentes em presas de bronze, com asas de ouro e pele escamosa. Mas dentre elas, somente Medusa era mortal já que Atena roubou-lhe a imortalidade como castigo e quem quer que encarasse seus olhos em estátuas de pedra transformariam.

Um dos trabalhos do herói Perseu é decepar Medusa, e por causa da ajuda que recebe de Atena ele acaba a presenteando com a cabeça, e esta a coloca em seu escudo Aégis ou Égide como defesa. 




sábado, 26 de outubro de 2013

Nox Arcana

Uma banda pouco conhecida que comecei a ouvir em 2007 por conta de um álbum lançado no mesmo ano intitulado 'Shadow of the Raven' inspirado nos contos de Edgar Allan Poe. Uma perfeita forma de unir a música com os nomes de cada conto de Poe, vale a pena ouvir e ler ao mesmo tempo. 

Nox Arcana é um grupo americano de dark wave e música instrumental gótica, formado em 2003 por Joseph Vargo e William Piotrowski. O nome "Nox Arcana" vem do latim, que significa "Noite Misteriosa" ou "Mistérios da Noite". Nox Arcana especializa-se em álbuns temáticos da literatura de horror gótico e clássico. Tais referências literárias incluem: H. P. Lovecraft, os irmãos Grimm, Ray Bradbury, e Edgar Allan Poe. Alguns dos seus álbuns também fazem referência aos temas medievais e mitologia antiga.Suas características musicais são influenciadas pela new age, música clássica, ambiente, rock e trilhas sonoras de filmes, citando outros compositores como John Carpenter, Hans Zimmer, AC/DC, Wojciech Kilar, Enya, Loreena McKennitt, Beethoven, Jerry Goldsmith, e Danny Elfman.

A música de Nox Arcana é melódica e melancólica, com foco em uma linha melódica dominante. A instrumentação varia de acordo com cada álbum, adequados a cada tema ou tempo do conceito do álbum, e normalmente inclui piano, sinos, violino, órgão, cravo, tambores, tímpanos e percussão. Alguns álbuns incluem também címbalos, alaúdes, guitarras acústicas, gaitas e glockenspiel, dependendo do tema de um dado álbum. Fazendo valer o tema e a narrativa é o uso de efeitos sonoros, tais como, por exemplo, um ranger da porta ou um pêndulo balançando. Vocais, coros e narrativas também são usados ​​com parcimônia para ajudar a relacionar uma história ou servir como introdução a uma peça musical.

Alguns exemplos destas referências são:
- Darklore Manor: Esse álbum foi inspirado em uma verdadeira mansão assombrada construída em 1889, que fica perto de Salem, Massachusetts. Segundo relatos locais existe uma maldição na mansão da família Darklore que causou muitas mortes misteriosas, até que em 1941, o ultimo da sua família, Damon Darklore, sua esposa Elisabeth e sua filha Belladonna desaparecem se deixar vestígios.

Necronomicon: Tem suas músicas inspiradas nos contos e mitologias de H.P. Lovecraft e é um tributo aos Mitos de Cthulhu.

- Transylvania: A inspiração pro quarto álbum veio de Drácula de Bram Stocker a dupla usou de um conceito de musica narrada, com grande fidelidade a estória original, o que leva o ouvinte a literalmente "entrar" na narrativa. Quem puder experimente ler o livro ouvindo esse álbum.

- Carnival of the Lost Souls: Em Carnival of Lost Souls o duo se se inspirou no circo da idade média e nos espetáculos de Vaudeville de onde surgiram aqueles shows de horrores e no livro Something Wicked This Way Comes de Ray Bradbury.

- Blood of Angels: Diferente se seus outros lançamentos, que são basicamente instrumentais com narrativas, todas as faixas desse álbum têm letras. Os vocais ficaram a cargo de Michelle Belanger, que buscou a inspiração nas lendas Enochianas que falam sobre anjos caídos, que vieram a terra para provar do amor dos mortais.

- Blood of the Dragon: As faixas são em sua maioria instrumental com influencia de música céltica e suas letras remetem a temas como espada e magia, magos, guerreiros, dragões, elfos, bruxas, anões e trolls, essas e muitos outros arquétipos são representados por todo o encarte do álbum assim como um puzzle onde as pistas pra sua resolução estão nas faixas.

- Shadow of the Raven: Foi o oitavo álbum lançado em apenas quatro anos. E dessa vez os compositores honraram Edgar Allan Poe. A parte instrumental é basicamente composta de piano, violino, órgão de tubos e melodias de caixinhas de música que geram um ambiente melancólico e de suspense por todo o álbum.

- Grimm Tales: Inspirado nos contos infantis dos Irmãos Grimm, Foi composta pra esse lançamento uma fábula que fala sobre uma bruxa, que lança uma maldição sobre a terra das fadas, condenando seus habitantes a escuridão eterna e duas crianças que caem no sono uma noite e acordam no reino das sombras. As crianças então começam uma jornada em busca de uma chave de cristal que segundo rumores, abre uma porta do reino das sombras pra sua terra natal.

Blackthorn Asylum: O tema escolhido e descrito como "se passa em um sanatório, para criminosos insanos no qual os médicos conduzem terríveis experimentos com os pacientes". Esse álbum também é uma homenagem a Lovecraft e se passa em 1930 no asilo do conto "From Beyond", mas com alguns detalhes adicionais.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Adeus, meus sonhos!

Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!
Misérrimo! Votei meus pobres dias
À sina doida de um amor sem fruto,
E minh'alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.
Que me resta, meu Deus?
Morra comigo
A estrela de meus cândidos amores,
Já não vejo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!

(Álvares de Azevedo)

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Pele de Foca, Pele da Alma - Lenda Escocesa

Houve um tempo, que passou para sempre e que irá logo estar de volta, em que um dia corre atrás do outro de céus brancos, neve branca... e todos os minúsculos pontinhos escuros ao longe são pessoas, cães, ou ursos.

Nesse lugar, nada viceja gratuitamente. Os ventos são fortes, e as pessoas se acostumaram a trazer consigo seus parkas, mamleks e botas, já de propósito. Nesse lugar, as palavras se congelam ao ar liv re, e frases inteiras precisam ser arrancadas dos lábios de quem fala e descongeladas junto ao fogo para que as pessoas possam ver o que foi dito. Nesse lugar, as pessoas vivem na basta cabeleira da velha Annuluk, a avó, a velha feiticeira que é a própria Terra. E foi nessa terra que vivia um homem... um homem tão solitário que, com o passar dos anos, as lágrimas haviam aberto fundos abismos no seu rosto.

domingo, 6 de outubro de 2013

Os Sapatinhos Vermelhos - Hans Christian Andersen

Resolvi postar a história dos Sapatinhos Vermelhos por conta do filme de 1948 com o mesmo nome, o conto foi retratado de uma forma belíssima ao meu ver, com imagens esplendorosas para a época e que de certa forma foi inspiração para o longa Cisne Negro de acordo com um site em que li.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Brandon Lee - The 69 Eyes

À querida Vane que acabou insirando-me a publicar uma linda música para o eterno Brandon Lee, por conta disto, dedico este humilde post à ela.

O que lá estaria,
como um rio de tristeza transforma-se em mar.
Por acaso existiria
Outras mil história como a a sua e minha?
Almejo um coração, almejo uma alma,
Mais do que qualquer outras coisa neste mundo.
Mas somos condenados,
nossos corpos e chagas
Eu nunca cederia. 

Como a lua, 
Nós ascendemos, resplandecemos, decaímos...
Acima de você
eu ascendo, resplandeço, rastejo
Vítimas, não somos todos? 

O que estaria existiria,
além dos olhos de Brandon Lee?
Por acaso haveria,
um anjo vingador deixado sangrando.
Ansiando a verdade, ansiando fé
mais do que qualquer outra coisa neste mundo.
Mas todos somos corpos condenadas, almas abandonadas.
Eu nunca cederia.

Como a lua, 
Nós ascendemos, resplandecemos, decaímos...
Acima de você
eu ascendo, resplandeço, rastejo
Vítimas, não somos todos? 


domingo, 15 de setembro de 2013

Soneto 53

De que substância foste modelado,
Se com mil vultos o teu vulto medes?
Tantas sombras difundes, enfeixado
Num ser que as prende, e a todas sobre excedes;

Adônis mesmo segue o teu modelo
Em vã, esmaecida imitação;
A face helênica onde pousa o belo
Ganhou em ti maior coloração;

A primavera é cópia desta forma,
A plenitude és tu, em que consiste
O ver que toda graça se transforma

No teu reflexo em tudo quanto existe:
Qualquer beleza externa te revela
Que a alma fiel em ti acha mais bela.

(William Shakespeare)

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Carta de William Thatcher

" É estranho pensar que não a vejo há um mês, eu vi a lua nova, mas não vi você. E vi o pôr do sol e o nascer do sol, mas nada comparado a sua beleza. Sinto sua falta como o sol sente falta da flor, como o sol sente falta da flor num inverno intenso. Os pedaços do meu coração são tão pequenos que poderiam passar pelo buraco de uma agulha. Ao invés de beleza para guiar meu coração ele se endurece a um mundo congelado para onde sua ausência me baniu. A esperança é meu guia e é ela que me faz viver cada dia e principalmente a cada noite. A esperança de que depois que estiver longe dos meus olhos não será a última vez que olharei para você. 
Com todo amor que possuo, eu permaneço seu..."
(Filme: Coração de Cavaleiro)

domingo, 1 de setembro de 2013

Star-Crossed - Sirenia

Uma errante no tempo, 
Surge vagando em minha mente
Parece que de seu caminho perdeu-se,
seu caminho desviou-se.
O sol põe-se em seus olhos, 
Uma lua nasce. 
Sua vida parece em vão...
Um mistério... Arcano. 

O verão míngua
Minha vida tão frágil,
Decaindo novamente aos campos sombrios de dor.
O inverno vai surgindo. 
Eu mantive seu frio aqui dentro toda vida,
como uma malfadada criança do inverno.

Olhos prateados desvaecendo
Um céu invernal sem estrelas, 
Nenhuma fragrância do orvalho matinal.
Suas lágrimas congeladas, 
esta errante vem em minha direção, 
todas as eras parecem dias, 
um mar profundo e selvagem...
Uma malfadada criança do inverno.

O crepúsculo arrasta sobre nós, 
O amanhecer, próximo a raiar
O anoitecer lamenta perante nós
é a escuridão que tememos.
Descende sob mim anjo perdido!
Pois por ti cairei também.
Para o mundo, somos ambos estranhos...
Como o gélido inverno no inferno...



domingo, 25 de agosto de 2013

A Noiva do Mar

Altas, as negras falésias se elevam atrás de mim,
e a vasta areia em que piso é só um negror distendido:
mal se vislumbram as trilhas e as rochas que me recordam
dolorosamente os anos de um Nunca-Mais já perdido.

Batendo suavemente nas pedras, a onda produz
um som que ainda é para mim tão doce e familiar;
aqui – com sua cabeça pendida sobre meu ombro –
passeávamos, lado a lado, eu e Unda, a Noiva do Mar.

No amanhecer refulgente da juventude, encontrei-a,
doce qual vento a soprar sobre o mar frio e salgado.
Bem cedo o Amor enleou-nos com seus mais fortes grilhões:
ela feliz por ser minha, e eu por estar ao seu lado.

Pergunta jamais lhe fiz acerca de seu passado,
e ela jamais indagou de minha origem e andanças:
sem pensamentos e idéias, felizes só desses dons
do largo oceano e da terra, éramos como crianças.

Certa vez, quando brincava suave o luar sobre as ondas,
ficamos a olhar as águas lá do alto, sobre o rochedo,
seus cabelos adornados por uma trança de flores
colhidas junto a uma fonte do mavioso arvoredo.

Estranhamente ela olhava o mar inquieto a seus pés,
como dos sons absorvida ou da luz arrebatada;
então as ondas lhe deram o aspecto estranho, selvagem,
de um oceano bravio ou de uma noite encantada.

Friamente, ela afastou-se, muito atordoada, a chorar,
sozinha, em meio às legiões que ela porém bendizia,
e a descer, sempre a descer, a escorregar, quase caindo,
em direção ao oceano minha doce Unda fugia.

O mar então se acalmou e, de um raivar tumultuoso,
passou a um leve marulho, enquanto Unda, divinal,
caminhou sobre as areias com gestos de gratidão,
e, acenando-me em convite, sumiu sem deixar sinal.

Perscrutei por longo tempo o lugar onde sumira.
Subiu a lua no céu e após baixou. E o fulgor
da manhã cresceu, cinzento, banindo a noite tristonha,
mas minha alma ainda sofria a sua infinita dor.

Percorri o mundo inteiro em busca da que eu amei,
andei por vastos desertos e naveguei pelos mares.
Certa vez, por sobre as ondas, no tumulto da procela,
entrevi um belo rosto que acalmou os meus pesares.

Desde então tenho avançado, sem achar paz ou sossego,
às cegas, aos tropeções, de mim mesmo mal consciente.
Até que chego ao lugar onde reboam as águas,
de volta à cena daquele Ontem perdido e dolente.

Deus! a lua avermelhada sobe das névoas do mar,
crescendo ominosamente à vista; estranho é o seu rosto
ao meu olhar torturado que, através das vastidões
de rutilâncias e azuis, mira o longe com desgosto.

Da lua desce uma ponte feita de ondas e de raios
que toda brilhante chega à praia onde estou, tristonho.
Quão frágil parece, e entanto que tentação não me vem
de atravessá-la e subir ao orbe de um doce sonho!

Que face é aquela que vejo em meio aos raios do luar?
Enfim terei encontrado a donzela fugitiva?
Cruzando a ponte de raios, os meus passos se aproximam
daquela cujo convite tão meigo me apressa e aviva.

Envolvem-me correntezas, e num vogar indolente
por essa estrada de luar procuro o seu rosto amado.
Ansiosamente me apresso, entre preces, ofegante,
num esforço de alcançar aquele vulto abençoado.

As águas, murmurejando, se fecham ao meu redor;
suave, a doce visão para mim põe-se a avançar.
Findou a minha procura: meu coração finalmente,
a salvo, repousa ao lado de Unda, a Noiva do Mar.

(H.P.Lovecraft)

domingo, 11 de agosto de 2013

Ecos d'Alma

Oh! madrugada de ilusões, santíssima,
Sombra perdida lá do meu Passado,
Vinde entornar a clâmide puríssima
Da luz que fulge no ideal sagrado!

Longe das tristes noites tumulares
Quem me dera viver entre quimeras,
Por entre o resplendor das Primaveras
Oh! madrugada azul dos meus sonhares.

Mas quando vibrar a última balada
Da tarde e se calar a passarada
Na bruma sepulcral que o céu embaça

Quem me dera morrer então risonho
Fitando a nebulosa do meu sonho
E a Via-Látea da Ilusão que passa!

(Augusto dos Anjos)

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Remorso Póstumo

Quando fores dormir, ó bela tenebrosa
Em fundo de uma cripta em mármore lavrada
Quando tiveres só por alcova e morada
O vazio abismal de carneira chuvosa;

Quando a pedra, a oprimir tua fronte medrosa
E teus flancos a arfar de exaustão encantada,
Mudar teu coração numa furna calada
Amarrando-te os pés na rota aventurosa,

A tumba, confidente do sonho infinito
(Pois toda a vida a tumba há de entender o poeta),
Pela noite imortal de que o sono é prescrito,

Te dirá: "De que serve, hetaira incompleta,
Não teres conhecido o que choram os mortos?"
E os vermes te roerão assim como os remorsos.

(Charles Baudelaire)

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Larenopfer

"Ouçam, o passo da noite morre
no vasto silêncio;
a luz sobre a minha escrivaninha canta
baixo como um grilo.

Douradas sobre a estante
brilham as lombadas dos livros:
pilares para as pontes
da viagem ao país das fadas".

(Rainer Maria Rilke)

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Sweet Curse - ReVamp

É um fardo por nenhuma razão,
Mas continuo mantendo esta dor.
Sem lágrimas, apenas uma mútua tristeza,
No entanto ela persiste dia após dia.
Deixa-lá ir: nunca pude, mas preciso curar-me.
Doce maldição, meu inferno. 

Você suporta nossas memórias, como cicatrizes manchadas dentro de sua mente.
Perdeste tudo que sabia de mim, profundamente absorto
Amor perdido, meu inferno. 

Doce é a maldição dos corações entrelaçados mas perdidos, separados mas unidos.
Triste é o seu destino sem alívio. 
Cruel é a maldição do amor, tão voluptuoso e perigoso. 
Doce maldição, nosso inferno. 

Palavras não foram feitas para contar esta história,
Pois não consigo descrever a aflição
Sem remorso por sua traição,
No entanto difícil de aceitar...
Como pôde a beleza imperceptivelmente transformar-se em algo monstruoso, não sei.
Amor perdido é o meu inferno

Doce é a maldição dos corações entrelaçados mas perdidos, separados mas unidos.
Triste é o seu destino sem alívio. 
Cruel é a maldição do amor, tão voluptuoso e perigoso. 
Doce maldição, nosso inferno. 

Sem esperanças e sonhos perdidos
Matam-te lentamente
novas cicatrizes e novos anseios tomam controle
(Novos desejos, novo desespero)

Perder-te foi mais do que poderia suportar
Nos perder, foi um mergulho em águas profundas
Perder você... 

Doce é a maldição dos corações entrelaçados mas perdidos, separados mas unidos.
Triste é o seu destino sem alívio. 
Cruel é a maldição do amor, tão voluptuoso e perigoso. 
Doce maldição, nosso inferno. 

domingo, 28 de julho de 2013

Bela, ela Avança

Bela, ela avança, como a noite escura
sob um céu estrelado e transparente,
e o que há de mais sombrio e mais luzente
em seus olhos e aspecto se mistura,
àquele doce brilho suavizado
que ao dia rude os deuses têm negado.

Uma sombra, um reflexo a mais teria
turbado um pouco a indescritível graça
que em suas negras mechas se embaraça
e em seu rosto, adorável, se alumia,
onde, sereno, expressa o pensamento
o quanto é puro e terno esse aposento.

E sobre aquela face e fronte altiva,
tão eloquente, embora calma e amável,
a nuance acesa, o riso incomparável
falam-nos da bondade sempre viva,
da paz que há no seu ânimo insuspeito
e do inocente amor que há no seu peito.

(Lord Byron)

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Encontro Télico

Um encontro de dois:
Olhos nos olhos, face a face.
E quando estiveres perto, arrancar-te-ei os olhos
E colocá-los-ei no lugar dos meus;
Arrancarei meus olhos e para colocá-los no lugar dos teus,
Então ver-te-ei com teus olhos
E tu ver-me-ás com os meus.

Assim, como até a coisa comum serve o silêncio
E nosso encontro permanece a meta sem cadeias:
O lugar indeterminado, num momento indeterminado,
A palavra indeterminada ao Homem indeterminado.

(Jacob Levy Moreno, 1997)

sábado, 13 de julho de 2013

A Divina Imagem

Desejo um Feliz Dia do Rock à todos. E para celebrar deixo dois poemas de William Blake em homenagem a estes músicos inspiradores, porque para mim, tenho vários cantores favoritos, e principalmente a Jim Morrison, que gostava especialmente deste escritor.  

"... Pois a Compaixão tem um coração humano,
a Piedade, um rosto humano,
E o Amor, a divina forma humana
E a Paz, a roupagem humana.
- William Blake, Cantos de Inocência

A Crueldade tem um Coração Humano,
e o Ciúme, um Rosto Humano,
o Medo, a Divina Forma Humana,
e a Intimidade, a Roupagem Humana.

A Roupagem Humana é Ferro forjado,
A Forma Humana, uma Forja ardente,
O Rosto Humano, uma Fornalha fechada,
O Coração Humano, sua Garganta esfomeada".
- William Blake, Cantos da Experiência

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Ligéia - Edgar Allan Poe

E ali dentro está a vontade que não morre. Quem conhece os mistérios da vontade, bem como vigor? Porque Deus é apenas uma grande vontade, penetrando todas as coisas pela qualidade de sua aplicação. O homem não se submete aos anjos nem se rende inteiramente à morte, a não ser pela fraqueza de sua débil vontade". (Joseph Glanvill)

Juro pela minha alma que não posso lembrar-me quando, ou mesmo precisamente onde, travei, pela primeira vez, conhecimento com Lady Ligéia. Longos anos se passaram desde então e minha memória se enfraqueceu pelo muito sofrer. Ou, talvez, não posso agora reevocar aqueles pontos, porque, na verdade, o caráter de minha bem-amada, seu raro saber, sua estranha mas plácida qualidade de beleza e a emocionante e subjugante eloquência de sua linguagem musical haviam aberto caminho dentro do meu coração, a passos tão constantes e tão furtivos que passaram despercebidos e ignorados. Entretanto, acredito que a encontrei, pela primeira vez, e depois frequentemente, em alguma grande e decadente cidade velha das margens do Reno. Quanto à família... certamente ouvia-a falar a seu respeito. Que fosse de origem muito remota é coisa que não se pode pôr em dúvida. Ligéia! Ligéia! 

sábado, 6 de julho de 2013

Wolf Song - Omnia

Tropeçando pela floresta invernal,
Seus pés congelando até os ossos,
A escuridão não contém nenhuma consolação.
Tão, tão distante de casa...
Uma capa carmim detrás arrasta,
Rasgada por espinhos tornando-se farrapos.

Pobre donzela por sua tolice,
Aventurar-se por estas matas sozinha
Misericórdia não habita o azevinho
Compaixão nas pedras não encontrará,
Seu temor trás lágrimas como chuva veranil.
(Oh mãe, pai, onde estou?)
Rogam-me para aliviar seu sofrimento
(Estou à deriva o que devo fazer?)

Minha amada vos solicito. 
Despida-se desta capa e alimenta-me,
Rios carmim de suas veias,
Rios carmim não sentem dor.
Teus longos cabelos ruivos prendem-me,
Teu sangue vermelho e quente chama-me
Minha destra vermelha irá levar-te para casa,

A menina pelo lobo infernal foi cortada

Teus olhos revelam confusão
Sou eu amigo ou inimigo?
Perdoe-me por esta intromissão,
E eu lhe mostrarei o que quero dizer
Vim reivindicar um coração de ti
(Meu coração está partido, não podes ver?)
Teu último beijo, pertence à mim
(Teu beijo escarlate irá libertar-me...)

Minha amada, rogo-lhe
(Vagando solitária)
Despida-se desta capa e alimenta-me
(Longe de casa...)
Rios carmim de suas veias
(Floresta da danação)
Rios carmim não sentem dor...
(Afogando-se na terra)
Teus longos cabelos ruivos prendem-me,
(Afundando como uma pedra)
Teu sangue vermelho e quente chama-me...
(Perdida e tão sozinha)
Minha destra vermelha irá levar-te para casa
(Não consigo achar meu caminho de volta?)

A menina pelo lobo infernal foi cortada

Brincando de filha obediente,
Trouxe-te onde o acônito floresce
Sacrificada em sagrado massacre
Sob a pálida luz da lua.
Sua forma encontra-se envolta de vermelho rubi
(A neve cristalina meu leito de casamento)
Uma auréola escarlate em torno de sua cabeça.
(A auréola escarlate da morte)

Minha amada, rogo-lhe
(Vagando solitária)
Deixe teus rios fluírem para alimentar-me.
(Longe de casa...)
Rios carmim de suas veias,
(Floresta da danação)
Rios carmim não sentem dor...
(Afogando-se na terra)
Teus longos cabelos ruivos prendem-me,
(Afundando como uma pedra)
Teu sangue vermelho e quente chama-me...
(Perdida e tão sozinha)
Minha destra vermelha irá levar-te para casa
(Não consigo achar meu caminho de volta?)

Minha amada, rogo-lhe
(Vagando solitária)
Deixe teus rios fluírem para alimentar-me.
(Longe de casa...)
Rios carmim de suas veias,
(Floresta da danação)
Rios carmim não sentem dor...
(Afogando-se na terra)
Teus longos cabelos ruivos prendem-me,
(Afundando como uma pedra)
Teu sangue vermelho e quente chama-me...
(Perdida e tão sozinha)

Minha destra vermelha irá levar-te para casa,
(A destra vermelha irá levar-me...)
Minha destra vermelha irá levar-te para casa,
(A destra vermelha irá levar-me...)
Minha destra vermelha irá levar-te para casa,
(A destra vermelha irá levar-me...)
Minha destra vermelha trouxe-te para casa...
(Casa?)

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Um Sonho dentro de um Sonho

Tome este beijo sobre a têmpora
e, partindo de ti agora,
muito a dizer nesta franca hora
Você não está errado, quem diria
que meus sonhos têm sido o dia;
Ainda se a esperança fosse um açoite
em um dia, ou numa noite,
numa visão, ou em ninguém
É isso então o que está aquém?
Tudo o que vejo, tudo o que suponho
É só um sonho dentro de um sonho.

As ondas quebram e fico ao meio
de uma praia atormentada
e eu seguro em minhas mãos
uns grãos de areia dourada -
Quão poucos! E como se vão
Pelos meus dedos para o nada,
enquanto eu choro, enquanto eu choro!
Ó Deus! Eu Vos imploro:
Não posso mantê-los em minha teia?
Ó Deus! Posso eu proteger
das duras ondas um grão de areia?
Será que tudo o que vejo e suponho
É só um sonho dentro de um sonho?

(Edgar Allan Poe)

segunda-feira, 24 de junho de 2013

A Um Ausente

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste?

(Carlos Drummond de Andrade)

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Citações: Stephen King

Deixo algumas célebres frases do famoso e contemporâneo escritor de terror Stephen King.

"O verdadeiro Amor como qualquer outra droga forte que cause dependência, não tem graça. Assim que a fase do encontro e descoberta se encerra, os beijos se tornam surrados e as carícias cansativas... exceto, é claro, para aqueles que compartilham os beijos, que dão e recebem as carícias enquanto cada som e cada cor do mundo parecem se aprofundar e brilhar em volta deles.
Como acontece com qualquer outra droga forte, o primeiro amor verdadeiro só é realmente interessante para aqueles que se tornam seus prisioneiros. E como acontece com qualquer outra droga forte que cause dependência, o primeiro amor verdadeiro é perigoso. Os que estão sob o domínio de uma droga forte - heroína, erva-do-diabo, verdadeiro amor - frequentemente se veem tentando manter um precário equilíbrio entre discrição e êxtase, enquanto avançam na corda bamba de suas vidas. Manter o equilíbrio numa corda bamba é difícil até mesmo no estado mais sóbrio; fazer isso num estado de delírio é praticamente impossível. A longo prazo, é completamente impossível."

"As coisas mais importantes são as mais difíceis de expressar. São coisas das quais você se envergonha, pois as palavras diminuem-as, as palavras reduzem as coisas que pareciam ilimitáveis quando estavam dentro de você à mera dimensão normal quando são reveladas. Mas é mais que isso, não? As coisas mais importantes estão muito perto de onde seu segredo está enterrado, como pontos de referência para um tesouro que seus inimigos adorariam roubar. E você pode fazer revelações que lhe são muito difíceis e as pessoas o olharem de maneira esquisita, sem entender nada do que você disse nem por que eram tão importantes que você quase chorou quando estava falando. Isso é pior, eu acho. Quando o segredo fica trancado lá dentro não por falta de um narrador, mas de alguém que compreenda."

"O que estou dizendo é que estou tentando achar razões racionais para explicar sentimentos irracionais, e isso nunca é bom."

"Monstros são reais e fantasmas são reais também. Vivem dentro de nós e, às vezes, vencem."

"Crianças, ficção é a verdade dentro da mentira, e a verdade desta ficção é bastante simples: a magia existe."

"À noite, nossos pensamentos tem um modo desagradável de escaparem das coleiras e correrem livres. E se você tem passado a maior parte de sua vida adulta tecendo ficções, estou certo de que tais coleiras são mais frouxas ainda e os cães, menos ansiosos para usá-las."

"O corpo é um envelope para a alma."

"Temos medo de tudo: do desconhecido, do abismo, da noite, das tempestades, da selva e dos desertos. Na hora de escrever, basta pensar que aquilo que me assusta provavelmente também assusta os outros. Em algum lugar dentro de nós existe uma chave que acende o medo; ai onde se instala o conto de terror, quando está bem escrito, pois o homem sente mais atraído por monstros e dragões do que por heróis. Como impossível estar sempre lutando contra nossos próprios demônios e males, de vez em quando sentimos necessidade de levá-los pra passear."

domingo, 16 de junho de 2013

Soneto

Quando fico a pensar poder deixar de ser
antes que a minha pena haja tudo traçado,
antes que em algum livro ainda possa colher
dos grãos que semeei o fruto sazonado;

quando vejo na noite os astros a brilhar
- vasto e obscuro Universo, impenetrável mundo! -
quando penso que nunca hei de poder traçar
sua imagem com arte e em sentido profundo;

quando sinto a fugaz beleza de alguma hora
que não verei jamais – como doce miragem –
turva-se a minha mente, e a alma em silêncio chora

um impulsivo amor. E a sós, me sinto à margem
do imenso mundo, e anseio imergir a alma em nada
até que a glória e o amor me dêem a hora sonhada!

(John Keats)

* Londres, Inglaterra – 31 de Outubro de 1795 d.C
+ Londres, Inglaterra – 23 de Fevereiro de 1821 d.C


Poeta inglês considerado um dos maiores nomes do romantismo na Inglaterra. Sua obra oscila entre as freqüentes referências à morte e um intenso sentimento de prazer com a vida. Influenciado pelos poetas gregos do período helênico, como Homero, bem como pelos poetas elizabetanos do século XVI, persegue a perfeição estética.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Estâncias para a Música

Alegria não há que o mundo dê, como a que tira.
Quando, do pensamento de antes, a paixão expira
Na triste decadência do sentir;
Não é na jovem face apenas o rubor
Que esmaia rápido, porém do pensamento a flor
Vai-se antes de que a própria juventude possa ir.
Alguns cuja alma bóia no naufrágio da ventura
Aos escolhos da culpa ou mar do excesso são levados;
O ímã da rota foi-se, ou só e em vão aponta a obscura
Praia que nunca atingirão os panos lacerados.
Então, frio mortal da alma, como a noite desce;
Não sente ela a dor de outrem, nem a sua ousa sonhar;
toda a fonte do pranto, o frio a veio enregelar;
Brilham ainda os olhos: é o gelo que aparece.
Dos lábios flua o espírito, e a alegria o peito invada,
Na meia-noite já sem esperança de repouso:
É como na hera em torno de uma torre já arruinada,
Verde por fora, e fresca, mas por baixo cinza anoso.
Pudesse eu me sentir ou ser como em horas passadas,
Ou como outrora sobre cenas idas chorar tanto;
Parecem doces no deserto as fontes, se salgadas:
No ermo da vida assim seria para mim o pranto.

(Lord Byron)

terça-feira, 4 de junho de 2013

Coração Partido

Escrito pelo americano Washington Irving (New York. 3 de Abril de 1783 - 28 de Novembro de 1859), ficou famoso pelo conto O Cavaleiro Sem Cabeça, publicado em 1820 uma das histórias de ficção mais antigas norte-americana lida até hoje. 

Foi adaptado algumas vezes para o cinema, os mais conhecido são: de 1922 como 'The Headless Horseman' e mais tarde em 1999 com o nome de 'Sleepy Hollows' produzido por Tim Burton e  estrelado por Johnny Depp como Ichabod Crane. Existem várias diferenças entre a verdadeira obra e os filmes, mas esta última deu uma 'nova versão' ao Cavaleiro Sem Cabeça muito interessante. 

O Clube do Livro em 1972 publicou alguns de seus contos junto com a do Cavaleiro Sem Cabeça. Uma das histórias é o Coração Partido, que relata a angústia de uma donzela que tem seu enamorado morto e sofre com sua partida. No final, tem-se um belo poema do irlandês Thomas Moore (1779-1852) o qual deixo a baixo. 

"Ela esta longe desta terra, onde repousa o seu jovem heroí; ao seu redor suspiram os seus [admiradores;]
e ela regressa da contemplação, e chora, pois jaz seu coração no túmulo em que jazem seus amores.

Ela canta baladas das planícies de seu pais natal, que o deliciavam e o faziam acordar [sorrindo.]

Mas imagina quem com seus acordes se deleita,
até que ponto o coração do menestrel se está partindo.

Ele viveu por seu amor, morreu por sua pátria,
que o mantinha à vida entrlaçado.
Nem secarão tão cedo as lágrimas da pátria,
nem sobreviverá de muito a amada ao seu amado. 

Fazei para ela a tumba onde se deita o Sol, 
quando promete um amanhã de rútula grandeza.
Sobre o seu sono o Sol refulgirá como um sorriso vindo do [poente;]
da sua própria amada ilha da tristeza!"

(Thomas Moore)

sábado, 1 de junho de 2013

Penelope's Song - Loreena McKennitt

Além do bom e velho rock 'n' roll, óperas, músicas clássicas e symphonic metal, adoro músicas folks/célticas e outras do estilo. Principalmente uma cantora canadense, Loreena McKennitt. Suas músicas são calmas, com uma profundidade e melodias lindas, suas letras são incomparáveis e sensíveis. Um bálsamo eu diria. Suas letras e canções por terem um som um tanto medieval, remontam-me à épocas passadas e sentimentos perdidos. 

Então deixo neste dia nublado, frio e chuvoso (aqui na minha cidade) uma música sua onde a tradução foi feita por mim. Espero que também gostem e se encantem por esta maravilhosa artista. 

Sinto o tempo se aproximar...
Logo o dia se esvaí, 
Em algum litoral distante
Você me ouvirá dizer...

Longo como os dias de verão, 
Profundo como o negro-vinho mar
Guardarei seu coração junto ao meu.
Até o dia que virá até a mim. 

Lá como um passarinho voarei
Alto sob os céus.
Alcançando os raios do sol. 
Somente para o encontrar.

E pela noite, quando nossos sonhos estão parados,
Ou os ventos nos chamar...
Guardarei seu coração junto ao meu.
Até o dia que virá até a mim. 

Agora que o tempo aproxima, 
Logo o dia se esvaí,
Em algum litoral distante, 
Você me ouvirá dizer... 

Longo como os dias de verão,
Profundo como o negro-vinho mar,
Guardarei seu coração junto ao meu,
Até o dia que virá até a mim. 

Penelope's Song - Original

Em meu humilde pensamento penso que esta canção é de Penélope para Ulisess, que por vinte anos espera a volta de seu marido da Guerra de Tróia. Que é tema do livro A Odisseia de Homero. 

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Orgulho & Preconceito

Considerada a primeira romancista moderna da literatura inglesa, Jane Austen começou seu segundo romance Orgulho & Preconceito, antes dos 21 anos de idade. Assim como em outras obra de Austen, o livro, publicado em 1813, é escrito de forma satírica e tem sua particularidade na forma em que a autora transcende o preconceito causado pelas primeiras impressões e adentra no psicológico, mostrando como o auto-conhecimento pode interferir nos julgamentos feitos a outras pessoas. 

A autora revela certas posturas de seus personagens em situações cotidianas que, muitas vezes, causam momentos cômicos aos leitores, dando um caráter mais leve e irônico ao livro. A escritora inglesa, apresenta seu poder de expressar a discriminação de maneira sutil e perspicaz; capaz de transmitir mensagens complexas valendo-se de seu estilo a um tempo simples e espirituoso. O principal tema do livro é contemplado logo na frase inicial, quando a autora menciona que um homem solteiro e de grande fortuna deve ser o desejo de uma esposa. Com esta citação, Jane Austen, faz três referências importantes: a autora declara que o foco da trama será os relacionamentos e os casamentos, dá um tom de humor à obra ao falar de maneira inteligente acerca de um tema comum, e prepara o leitor para a caçada de um marido em busca da esposa ideal e de uma mulher perseguindo pretendentes.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Angel of Grief


Angel of Grief (Anjo do Sofrimento/Mágoa) é uma estátua de 1894 do escultor norte-americano William Wetmore Story que serve como o túmulo de pedra, ao artista e sua esposa Emelyn Story , no Cemitério Protestante (oficialmente denominado Cimitero acattolico) em Roma. Uma réplica feita em 1906 existe no Mausoléu de Stanford na Universidade de Stanford substituindo um criado em 1901, destruída no terremoto de São Francisco de 1906.

Na plataforma do monumento há a seguinte inscrição: "Este monumento fora o último trabalho de W.W.Story executado em memória a sua amada esposa. Ele morreu em Vallombrosa  em 7 de Outubro de 1895 com a idade de 78 anos."

A escultura é belíssima feita em ricos detalhes, a imagem do anjo em um eterno sofrimento ajoelhado no túmulo. 
              


             


sábado, 18 de maio de 2013

Ato I. Cena I.

BENVÓLIO - Perfeitamente; mas que dor as horas retarda de Romeu?
ROMEU - Não ter aquilo que, se o tivesse, as deixaria curtas.
BENVÓLIO - No amor?
ROMEU - Fora...
BENVÓLIO - Do amor?
ROMEU - Fora do amor de quem me traz cativo.
BENVÓLIO - Ah! que aparência tenha amor tão branda, mas, de fato, seja áspero e tirano.
ROMEU - Ah! que, apesar da venda, amor consiga descobrir seus caminhos sem fadiga. Onde iremos comer? Oh! que batalha por aqui houve? Mas não contes nada, que já soube de tudo. O ódio dá muito trabalho por aqui; mas mais, o amor. Então, amor brigão! Ó ódio amoroso! És tudo, sim; do nada toste criado desde o princípio. Leviandade grave, vaidade séria, caos imano e informe de belas aparências, chumbo leve, fumaça luminosa, chama fria. saúde doente, sono sempre esperto, que não é nunca o que é. Eis aí o amor que eu sinto e que me causa apenas dor. Não queres rir?
BENVÓLIO - Não, primo; chorar quero.
ROMEU - Por quê, bondoso amigo?
BENVÓLIO - Por ver que tens opresso o coração.
ROMEU - Do amor é sempre assim a transgressão. As dores próprias pesam-me no peito; mas agora redobras-lhes o efeito com mostrares as tuas; o tormento que revelaste, ao meu deu mais alento. O amor é dos suspiros a fumaça; puro, é fogo que os olhos ameaça; revolto, um mar de lágrimas de amantes... Que mais será? Loucura temperada, fel ingrato, doçura refinada. Adeus, primo.
(Faz menção de retirar-se.)
BENVÓLIO - Mais calma; irei também; se me deixardes não procedeis bem.
ROMEU - Ora, já me perdi. Não sou Romeu. Esse está longe. Está não sei bem onde.
BENVÓLIO - Dizei-me seriamente a quem amais.
ROMEU - Como! Precisarei gemer o tempo todo que te falar?
BENVÓLIO - Gemer? Oh, não! Mas dizer, em verdade, quem seja ela.
ROMEU - Mandai fazer o doente o testamento. Que idéia triste para o desalento! Primo, em verdade: adoro uma mulher.
BENVÓLIO - Acertado também nesse alvo eu tinha, ao vos imaginar apaixonado.
ROMEU - Ótimo atirador! E ela é formosa.
BENVÓLIO - Primo, acertar assim é grande dita.
ROMEU - Nisso vos enganais. Ela é catita. A seta de Cupido não cogita de bater nela. Sábia como Diana, a castidade é sua soberana. Do arco gentil do amor está amparada e, assim, da lenga-lenga apaixonada. Resistir pode a todos os assaltos dos olhares morteiros, não chegando nunca a cair-lhe no regaço a chuva de ouro que os próprios santos tem vencido. Oh! é rica em beleza, mais que bela, porque a beleza morrerá com ela.
BENVÓLIO - Então jurou que sempre há de ser casta?
ROMEU - Jurou; e sua avareza tão nefasta grandes estragos fez, pois a beleza com tal severidade, de fraqueza quase veio a morrer, tendo ficado sem prole alguma. Incrível atentado! É muito bela e sábia, sabiamente formosa para estar sempre contente com me fazer sofrer. Fez juramento de não amar jamais, um só momento. E nesse voto infausto eu vivo morto só de a todos contar meu desconforto.
BENVÓLIO - Por mim guiar te deixes nisso: esquece-a
ROMEU - Oh! A esquecer-me ensina o pensamento.
BENVÓLIO - Dá liberdade aos olhos; examina outras belezas.
ROMEU - Esse é o meio certo de mais consciente me tornar ainda de sua formosura em tudo rara. Essas felizes máscaras que as frontes beijam das jovens belas, sendo pretas pensar nos fazem que a beleza escondem. Quem chegou a cegar, jamais se esquece da jóia rara que perdeu com a vista. Mostrai-me uma mulher de inexcedível formosura; para algo servir pode, senão de sugestão para que eu leia quem a excedeu em tanta formosura? Não, nunca hás de ensinar-me o esquecimento.
BENVÓLIO - Hei de nisso empregar o meu talento.

(William Shakespeare. Romeu & Julieta. Ato I. Cena I.)

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Capítulo 22

"- O que eu acho é que as pessoas deviam questionar estes sentimentos de dúvidas em vez de questionar o que o coração mandou que elas fizessem. - Jud continuou, os olhos fixos nele. - Não acha que tenho razão, Louis? 
- Acho... - Louis respondeu de modo hesitante. - Acho que talvez esteja certo. 
- E as coisas que estão no coração do homem... Bem, às vezes ele não gosta muito de falar sobre elas, não é? 
- Bem... 
- Exato. - disse Jud, como se Louis tivesse simplesmente concordado. - Não gosta... - E com uma voz calma, tão firme e tão fria, naquela voz que, por alguma razão, podia dar calafrios em Louis, concluiu: - Existem coisas secretas. Achamos que só as mulheres são boas para segredos e acho que elas guardam alguns. Mas qualquer mulher, qualquer mulher que conheça alguma coisa, poderia lhe falar que nunca conseguiu ver o que realmente se passa no coração de um homem. O solo do coração de um homem é mais empedernido, Louis... como o solo que existe lá em cima, no velho campo onde os micmacs enterravam seus mortos. (mesmo a camada superficial do 'simitério' dos bichos era dura, pedregosa. Até chegar na terra mais macia.) Perto da superfície ha logo uma rocha... Mas um homem planta o que pode... e cuida do que plantou."

(O Cemitério. Stephen King. p.137)

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Sadness in the Night - Tarja Turunen

Nesta noite sinto o frio da minha solidão, 
O frio que envolve meu coração,
Drenando minha força para lutar.
Somente para este sofrimento respirar...

Diga-me por quê?
Por que devo carregar esta cruz,
tão pesada para minha alma?
Por favor, enlace-me em seu amor.

Sou a guardiã de seu coração,
Fui enviada para proteger sua doçura...
Jamais esquecerei seu amor.
Jamais esquecerei a luz,
que brilhou em seus olhos.

Deixe-me voar, liberta-me.
Para ao lado dele ficar além desta vida.
Percorrendo pelo céu
Deixe-me ver o sol novamente.

Deixe-me morrer. 
Dai-me a luz. 
Esperando a morte bater em minha porta, para assim poder livrar-me da dor.
Minha eterna tristeza na noite.

Todo dia eu sonho,com um raio de sol, iluminando este quarto escuro.
Quero encontrar uma razão, um por que.
Para justificar minha razão de ainda viver
com esta dor...

Diga-me por quê? 
Por que devo carregar esta cruz?
Tão pesada para minha alma.
Por favor mantenha-me em seu amor.

Deixe-me morrer. 
Dai-me a luz. 
Esperando a morte bater em minha porta, para assim poder livrar-me da dor.
Minha eterna tristeza na noite.

Deixe-me morrer. 
Dai-me a luz. 
Esperando a morte bater em minha porta, para assim poder livrar-me da dor.
Minha eterna tristeza na noite.

Deixe-me morrer. 
Dai-me a luz. 
Esperando a morte bater em minha porta, para assim poder livrar-me da dor.
Minha eterna tristeza na noite...

Tradução feita por mim. Original: Sadness in the Night - Original Lyric

sábado, 4 de maio de 2013

Soneto 21

Não sou como aquela Musa,
Movida ao seu verso pelo adorno,
Que o próprio céu usa como ornamento,
E o belo com seu alento se insinua,
Par a par, comparando-se, orgulhoso,
Ao sol e à lua, às ricas joias da terra e do mar,
Com as primeiras flores de abril, e tudo o que é raro
Que os céus abarcam sob a abóbada imensa.
Ah, deixa-me ser fiel ao amor e à escrita,
E então, creia, meu amor é tão puro
Como de uma criança, embora menos luzidio
Que as fixas flamas douradas no manto celestial.
Deixa que digam mais do que tão bem ouvem;
Não louvarei senão o que eu puder defender.

(William Shakespeare)