sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Filologia ~

Filologia: A arte de amar as palavras de uma língua. 

"Filologia é aquela venerável arte que demanda de seus devotos uma coisa acima de tudo - para ir além, sem ter pressa, de permanecer imóvel, de tornar-se vagaroso - é a arte do ourives de apreciar as palavras, o que nada mais é senão a delicadeza, a cautela; um trabalho a fazer que nada alcança se não for realizado com calma. Precisamente por esta razão é tão necessária hoje, imprescindivelmente por isso que nos seduz e encanta, no meão da era do trabalho, que é repleta de uma correria indecente e de uma precipitação ressuda, que tudo quer feito de imediato, incluindo todo velho ou novo livro; esta arte nada concluí com facilidade. Ela ministra a ler bem, que dizer, ler morosamente, profundo, observando ponderadamente antes e depois, com reservas, com as portas abertas, com dedos e olhos sutis". 

(Friedrich Nietzsche. Hollingdale. Tradução: Katherine Talbot)

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Orfeo

Foste tudo para mim, meu amor,
Foste o anelo de minh'alma -
Uma ilha verde no mar, meu amor,
Uma fonte e um santuário,
Tudo ele agrinaldado de belos frutos e flores,
E todas as flores eram minhas.

Ah sonho por demais auspicioso para durar!
Ah, estrelada Esperança! que surgiu
Apenas para se toldar!
Uma voz do Futuro roga,
Adiante! adiante! - mas no Passado
(Negro abismo!) paira meu espírito,
Mudo, inerte, consternado!

Pois hélas! hélas! para mim,
A luz da vida se apagou.
Não mais - não mais - não mais'
(Eis o que diz o oceano solene
Para as areias da praia)
Mederará a árvore destruída pelo raio,
Nem planará a combalida águia!

Agora todos os meus dias são transes,
E todos os meus sonhos à noite
Residem onde pousam teus olhos cinzentos,
E onde cintilam teus passos -
Em que etéreas danças,
Por que riachos italianos.

Ai daquele momento maldito
Em que te carregaram sobre a onda,
Do Amor para uma velhice de sangue azul e pecado,
E para um travesseiro impuro -
De mim, e de nossos eternos climas,
Para onde chora o prateado salgueiro.

(Poliziano)

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Lenda: Apanhador de Sonhos

Os videntes nativo–americanos ensinam que a Grande Aranha, teceu a Teia do Universo para relacionar todas as coisas. (Enquanto teço este texto, reflito que o mundo todo está ligado por uma "WEB" = teia em inglês). Para eles, a Aranha ao mesmo tempo é Avó e Criadora que cria novas energias dentro da existência. Ela tem a "Medicina da Criação".

Conta uma velha lenda dos nativos norte-americanos, que um velho índio ao fazer uma Busca da Visão no topo de uma montanha, lhe apareceu IKTOMI, a aranha, e comunicou-se em linguagem sagrada. A Aranha pegou um aro de cipó e começou a tecer uma teia com cabelo de cavalo e as oferendas recebidas.

Enquanto tecia, o espírito da Aranha falou sobre os ciclos da vida, do nascimento à morte e das boas e más forças que atuam sobre nós em cada uma dessas fases. Ela dizia :
"Se você trabalhar com forças boas, será guiado na direção certa e entrará em harmonia com a natureza. Do contrário, irá para direção que causará dor e infortúnios".

No final a Aranha devolveu ao velho índio o aro de cipó com uma teia no centro dizendo-lhe:

"No centro está a teia que representa o ciclo da vida. Use-a para ajudar seu povo a alcançar seus objetivos, fazendo bom uso de suas idéias, sonhos e visões. Eles vem de um lugar chamado Espírito do Mundo que se ocupa do ar da noite com sonhos bons e ruins. A teia quando pendurada se move livremente e consegue pegar sonhos, quando eles ainda estão no ar. Os bons sonhos sabem o caminho e deslizam suavemente pelas penas até alcançar quem está dormindo. Já os ruins ficam presos no círculo até o nascer do sol, e desaparecem com a primeira luz do novo dia."

Esse círculo é conhecido como "dreamcatcher" (apanhador de sonhos). Também chamado de Filtro dos Sonhos ou Coletor de Sonhos. Trata-se de um instrumento de poder para assegurar bons sonhos para aqueles que dormem debaixo dele, e também para trazer visões. Geralmente são colocados onde a luz bate pela manhã, em frente a janela. Os nativos nos ensinam que os sonhos passam pelo furo no centro e os maus sonhos ficam presos na teia, que dissipam à luz do amanhecer.

Pode ser colocado no quarto, escritório, ou até no berço ou carrinho do bebê. Os nativos ensinam que os bebês ao verem a pena balançar com o vento, se entretêm e aprendem a importância do ar. Ele é feito na forma de um círculo, tradicionalmente com galhos de Salgueiro. É feita uma rede na forma de uma teia de aranha com uma abertura ao centro. Tem muitas lendas de origem, de acordo com cada tribo e também diferentes formas de tecer.

É uma mandala. Segundo Jung, a mandala se encontra na própria alma humana, aparecendo nos sonhos e em diversas imagens criadas pelo nosso inconsciente. O Circulo. Representa, o Círculo da Vida. As rodas, ou círculos, representam a totalidade. O círculo é o símbolo do Sol, do Céu e da Eternidade. No simbolismo ancestral o círculo é o símbolo do espaço infinito, sem começo e sem fim.Qualquer que seja a representação simbólica em qualquer era e em qualquer cultura, um Círculo de Poder, serve como um espelho, onde podemos ver o reflexo do Universo e o Grande Tudo, que contém a totalidade, trabalhando para o entendimento dos mistérios da vida, do cosmos, e das leis naturais.

Os fios da teia, que são ligados ao círculo, podem ser tecidos em 7 pontos (7 profecias) 8 pontos (8 pernas da aranha = oito direções sagradas ), 13 pontos (13 Luas), variando de acordo com cada tradição e intenção.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Hino à Beleza

Virás do céu profundo ou surges do abismo,
Beleza? O teu olhar, infernal e divino,
Gera confusamente o crime e o heroísmo,
E podemos, por isso, comparar-te ao vinho.

Conténs no teu olhar o poente e a aurora;
Expandes os teus odores qual noite de trovoada;
Teus beijos são um filtro e uma ânfora, a boca
Tornando o herói covarde e a criança arrojada.

Vens da treva mais negra ou descerás dos astros?
Encantado, o Destino é um cão que te segue;
Semeias ao acaso alegrias, desastres,
E por dominares tudo é que nada te interessa.

Caminhas sobre os mortos, que são o teu gozo;
Das tuas jóias, o Horror é das que mais fascina,
E entre tais enfeites, o próprio Assassínio,
Vai dançando feliz no teu ventre orgulhoso.

O inseto, deslumbrado, procura-te a chama,
Arde crepita e diz: Benzamos esta Luz!
O apaixonado trêmulo, aos pés da sua dama,
Parece um moribundo a afagar o sepulcro.

Mas que venhas do céu ou do inferno, que importa,
Beleza! Monstro ingênuo, assustador, excessivo!
Se o teu olhar, teus pés, teu riso, abrem a porta
De um Infinito que amo e nunca conheci?

De Satanás ou de Deus, que importa? Anjo ou Sereia,
Se tu tornas – ó fada de olhos de veludo,
Ritmo, perfume, luz, ó rainha perfeita! –
Mais leve cada instante e menos feio o mundo?

(Charles Baudelaire)

sábado, 7 de dezembro de 2013

Os Seis Cisnes - Os Irmãos Grimm

Ilustração de Elenore Abbott
Estando um rei a caçar numa grande floresta, saiu em perseguição de uma peça com tal fervor, que nenhum dos seus companheiros conseguiu segui-lo.

Ao anoitecer, parou o seu cavalo e, olhando em redor, apercebeu-se de que se tinha perdido e, embora tratando de procurar uma saída, não conseguiu encontrar nenhuma. Viu então uma velha, que se aproximava. Era uma bruxa.


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

In a Darkened Room - Skid Row

Em um quarto escuro,
Além do alcance da fé divina, 
repousa as feridas despedaçadas, remanescentes de um amor traído.

A inocência de uma criança que é comprada e vendida, 
em nome dos condenados.
A ira dos anjos deixada no silêncio e no frio. 

Perdoe-me, por favor, pois não sei o que faço...
Como posso sentir mágoa de algo que sei ser verdadeiro?

Diga-me quando o beijo do amor vira uma mentira
Carregando nas profundezas a cicatriz do pecado
Escondendo atrás deste medo de correr até você.
Por favor, que haja luz...
Em um quarto escuro.

Todos os preciosos momentos colocados de lado. 
E o sorriso da madrugada
traz a macha da luxúria cantando meu réquiem.

Como posso encarar o dia enquanto sou torturado por minhas crenças.
Vendo isto cristalizando,
enquanto minha salvação vira pó...

Por que não posso guiar este navio antes que chegue a tempestade? 
Estou mergulhando no mar e ainda nado em busca da costa

Diga-me quando o beijo do amor vira uma mentira
Carregando nas profundezas a cicatriz do pecado
Escondendo atrás deste medo de correr até você.
Por favor, que haja luz...
Em um quarto escuro.

Porque esta música é um clássico... Espero que minha tradução esteja boa... 

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Tão delicada...

Tão delicada, és semelhante
À alva flor da cerejeira.
E como um anjo entre os mortais
Surges da minha vida à beira.

Nem bem tu tocas o tapete,
A seda soa ao teu pisar
E da cabeça até os pés
Pairas num sonho, a flutuar.

Das dobras longas do vestido,
Como do mármore, ressais,
Presa a minh’alma aos olhos teus
Cheios de lágrimas e ais.

Ó sonho meu feliz de amor,
Noiva suave, de outras lendas,
Não me sorrias! Se sorrires
Tua doçura me desvendas.

Podes, no encanto da tua noite,
Deixar-me os olhos sempre baços
E com o murmúrio de tua boca
No frio enredo dos teus braços.


Súbito, passa um pensamento
No véu do teu ardente olhar:
É a renúncia penumbrosa,
Sombra de doce suspirar.

Te vais e eu bem compreendi
Não mais deter o passo teu;
Perdida, sempre, para mim,
Noiva imortal no peito meu!

Pois ter-te visto é culpa minha,
Da qual jamais terei perdão;
Expiarei sonho de luz
A mão direita erguendo, em vão.

Ressurgirás como uma aura
Da eterna virgem, de Maria,
Em tua fronte uma coroa...
Aonde tu vais? Voltas um dia?

(Mihail Eminescu)

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

The Giaour

Primeiro, vampiro na terra
Da cova seu cadáver retirará:
Perseguindo terrivelmente teu berço,
Sugando o sangue de toda a tua raça;
E sua filha, irmã, mulher,
Á meia noite drenará a fonte da vida;
Embora repugnando o banquete que
Necessariamente seu cadáver vivo
Tuas vítimas são as que ainda vão expirar
E conhecer o demônio como mestre,
Rogando praga sobre ti e ti a eles,
Tuas flores estão murchas já na haste.
(Lord Byron. 1813)

Dedico o poema à Renan Tempest que compartilha comigo a adoração à Lord Byron. Nesta história seu personagem principal é amaldiçoado por um mulçumano, tranformando-o em um vampiro. Já que em um dos meus posts dediquei uma música a Vane. Espero que goste... 

sábado, 2 de novembro de 2013

And Love Said No - H.I.M.

His Infernal Majesty ou simplesmente H.I.M. foi criada em 1991, a banda finlandesa é formada por Ville Vallo (vocal), Mige (baixo), Linde (guitarra), Burton (teclados) e Gas (bateria), sendo que Ville, Mige e Linde estão na banda desde o início, enquanto Burton e Gas substituíram antigos integrantes.

A banda nasce com uma proposta inovadora de unir sentimento a guitarras pesadas, fazendo um som único que pode ser, genericamente, chamado de Love Metal, mas que não pode ser precisamente definido. A voz penetrante, sedutora e inconfundível de Vallo consegue transmitir uma melancolia única às melodias que toca. Possuem influências tais como: The Cure, Depeche Mode, Black Sabbath, Type O Negative, Elvis Presley, Neil Young e o A-ha.

E a melancólica luz do amor,
Guiou-me à você. 
Através de todo esse vazio que tornou-se meu lar, 
O amor mente, cruel...
Apresentou-me à você,
e naquele momento, eu soube que estava sem esperanças

Mate-me...
eu implorei, mas o amor disse não. 
Deixe-me...
para a morte e deixe-me ir.
Mate-me...
eu chorei, mas o amor disse não. 

O amor é uma tumba gelada, 
cavada e aberta para você. 
Jaz em um cemitério que carrega meu nome. 
O amor é uma violenta melodia
de mim para você.
Dilacera seu coração deixa-o sangrando
com um sorriso em seu rosto. 

Mate-me...
eu implorei, mas o amor disse não. 
Deixe-me...
para a morte e deixe-me ir.
Mate-me...
eu chorei, mas o amor disse não. 

A melancólica luz do amor arrancou-me de você.
E naquele momento eu soube que estava sem esperanças... De novo. 

Mate-me...
eu implorei, mas o amor disse não. 
Deixe-me...
para a morte e deixe-me ir.
Mate-me...
eu chorei, mas o amor disse não. 

E o amor disse não...
E o amor disse não...